Arroio (2012), traz a ideia dos conceitos “saber-poder”e “dominação- subordinação”. Conforme é abordado no texto do autor, “[...] na historia da formação de nossas sociedades o padrão cognitivo esteve e continua associado ao padrão do poder.” A luta por igualdade pela aquisição do conhecimento, graças às políticas pedagógicas de inclusão, vem fazendo com que entidades de ensino tenham a obrigatoriedade de incluir, dando a chance de, principalmente, negros e índios, que desde sempre usurpados de sua cultura, possam ter as mesmas oportunidades dos mais “afortunados”.
Por que temos que lutar por ações que
teriam que ser nossas por direito? como direito à saúde, educação de qualidade
e igualdade para todas as classes sociais; respeito à diversidade e igualdade
de raças. Por que os privilégios acabam sendo de uma minoria de poder
aquisitivo elevado com estereótipos que dita uma sociedade de filhos do preconceito?
Crianças acabam sendo predestinadas a um futuro de subvidas por conta de sua raça, etnia ou
gênero. Isto me remete a o texto “Maquinaria Escolar” de Julia Varela e
Fernando Alvarez-Uria que mostra como era a educação na idade Media, onde os
pobres eram instruídos para servir os nobres e os ricos para reinar e comandar.
Vejo como é a vida das mães pobres,
trabalhadoras domésticas (algumas delas mães e a avós de meus alunos) que
freqüentam a instituição de educação infantil onde atuo. Elas andam de ônibus
lotado e quente com seus pequenos filhos nos braços, elas são pontuais, quanto
ao horário de chegada na escola, elas sonham com um futuro melhor para seus
filhos, um futuro livre da subordinação abusiva, um futuro diferente do seu.
Contrastando essa realidade observo carros do ano com mães apressadas e bem
vestidas muitas vezes atrasadas trazendo seus filhos. Fica visível a injustiça
social, pois é solicitada uma contribuição espontânea de duzentos reais
igualmente para todos, para quem anda de ônibus e para quem tem carro do ano,
que muitas vezes não pagam a quantia alegando não ter condições. . Muitos
alunos depois de se formarem no jardim B ingressam em escolas
particulares.
A
Instituição de Educação Infantil Nossa Senhora Aparecida situa-se no bairro
Ipanema e atende crianças da comunidade e seus bairros vizinhos, tais como:
Serraria, Guarujá, Ponta Grossa. Os alunos que predominam são de cor branca e
no momento não temos nenhum caso de inclusão. Do bairro, temos poucos alunos,
porque a maioria dos moradores por serem de classe média alta procura outras
escolas. Neste contexto quem mais se beneficia são os filhos dos trabalhadores
do entorno da escolinha. As famílias são bem diversificadas atendem-se crianças
pobres, mas também pessoas de melhor situação financeira, fato que antes eu
achava injusto, mas agora vendo a dificuldade que a instituição se encontra
para pagar as despesas mensais devido ao grande numero de inadimplência,
evidencio que a escola precisa é de pessoas que contribuam de algum modo para o
seu sustento, A verba que a SMED (Secretaria Municipal de Educação)
repassa mensalmente serve para
pagamento dos funcionários.Acredito que poderíamos ter mais suporte financeiro
e pedagógico da prefeitura para o melhor atendimento dos alunos, principalmente
os de baixa renda.
Apesar de tudo vejo que a realidade de nossa escola não é pior que a
realidade de muitas outras instituições que se inserem em nossa sociedade. Já
assisti relatos de violência vividos por colegas do PEAD que trabalham em zonas
periféricas e de difícil acesso. Vejo que cada escola tem a cara da comunidade
onde se insere. Então as demandas se tornam diferentes. Sabemos que existem
comunidades que predominam a fome, miséria e violência domestica isto é levado
para a sala de aula, e se boas políticas de inclusão não forem implantadas para
que haja uma mudança na educação, crianças continuarão sofrendo conseqüências
por conta de sua vulnerabilidade social.
Enquanto que aqueles com maior
poder aquisitivo se apoderam cada vez do universo do conhecimento, multiplicam-se
mais fronteiras, muralhas, dividindo pessoas em incluídos e excluídos. Mia
Couto fala no vídeo, “Repensar o Pensamento”, que o pensamento não tem
fronteiras, que fronteiras são limitadoras da troca entre as pessoas, muitas
vezes criamos fronteiras, porque temos medo do pensamento que é diferente do
nosso.
REFERÊNCIAS
ARROIO, Miguel. Outros Sujeitos e outras pedagogias - Petrópolis,
RJ: Vozes, 2012.
COUTO, Mia. Repensar o Pensamento. Acesso em 25 de dez. 2017. Disponível em: http:
\\www.youtube.com/watch?v=ahb9bEoNZaU
Olá! Infelizmente o olhar da educação nesses últimos tempos é de terceirizar o trabalho e precarizar os espaços educacionais. Quem perde é o aluno e as comunidades que ficam sem o serviço adequado. Nossa atual luta deve ser contra esse processo retrogrado que somente beneficia os empresários. É injusto a comunidade ter que sustentar uma escola que é do poder público e essa deve investir em educação. Estão ofertado educação infantil de uma forma errônea. A população deve evidenciar o seu descontentamento frente a essa administração. Quanto pagamos de impostos? E os recursos da educação? Frente a essa problemática devemos estampar a real situação e lutar por uma educação pública, gratuita e de qualidade.
ResponderExcluirAtt Glauber Moraes